Café Racer, os "Rockers" e os "Ton-Up Boys"
Atualizado: 12 de jul. de 2022
NORTON Commando, 1969
O termo “café racer” faz parte da gíria dos motociclistas e as suas origens remontam à década de 60 em Inglaterra.
No pós-guerra, as dificuldades económicas do inglês médio levaram à popularização da moto como meio de transporte utilitário, no entanto, no fim da década de 50 a realidade era já de retoma e a utilização do automóvel tinha-se imposto como veículo utilitário familiar, a consequência foi a alteração de paradigma no que diz respeito ao tipo de utilizador e utilização das motos.
VINCENT
Desde o inicio da década de 60 andar de moto passou a constituir um símbolo de status e rebeldia em detrimento da anterior imagem de incapacidade económica para adquirir um automóvel.
Foi neste contexto que nasceram as comunidades “Rocker” e “Ton-Up Boys”, reuniam-se nos cafés mais populares, históricamente o “Busy Bee” e o “Ace Café”, protagonizando despiques entre eles, a necessidade de melhores prestações para fazer boa figura nos despiques levou a que se produzissem melhoramentos e as motos melhoradas passaram ser apelidadas de “Café Racer”.
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Da esquerda para a direita, de cima para baixo: TRITON, NORVIN, NORTON, TRITON, TRITON e NORVIN
As motos eram aligeiradas de forma minimal, melhoradas no sentido das prestações do motor e da ciclistica em detrimento do conforto.
A estética, avanços, poisa-pés recuados, depósitos compridos, bancos tipo “racing” e por vezes semi-carenagens ou mesmo carenagens completas, tinha uma clara inspiração nas motos de competição dessa altura.
As realizações mais radicais eram híbridas, juntavam peças de motos diferentes para conseguir um melhor resultado, por exemplo: as TRITON (ciclistica TRIUMPH com motor NORTON) ou as NORVIN (ciclistica NORTON com motor VINCENT)!
Em 1973, Wallace Wyss escreveu que o termo “Café Racer” era utilizado na Europa para descrever “alguém que possuía uma moto com um “look racing” normalmente estacionada perto da sua mesa na esplanada do café local”.
TRITON
Uma das características essenciais numa “Café Racer” dessa época era o facto de atingir as 100 mph (cerca de 160 km/h), esta performance é designada por “ton”, daí a designação “Ton-Up Boys” que se referia aos utilizadores e/ou preparadores das mesmas.
Existe a lenda que uma das “habilidades” que definia um utilizador, consistia em por um single a tocar na “jukebox”, sair na moto e efectuar um determinado percurso regressando antes do disco acabar de tocar!
Os “Rocker” ouviam “rock and roll”, usavam blusões negros de pele, botas de moto e um penteado “pompadour” ou “rockabilly”, um estilo que inspirou vários personagens de cinema como é o caso de Marlon Brando em “The wild one”.
Na mesma época, por contraposição aos “Rocker”, nasceu em Londres a cultura “Mod”, será tratada num próximo post.
A influência na indústria
A grande adesão e popularidade deste estilo, influenciou os construtores de motos em dois sentidos distintos, inicialmente levou à produção em série de modelos cada vez mais desportivos e posteriormente à criação de neo-clássicos que fazem apelo ao à estética dos anos 60/70 em detrimento da performance.
As “Café Racer” que eram sinónimo de performance e estilo, são hoje sinónimo de estilo, frequentemente, também, performances, “vintage”!
O gosto pelo conceito leva a que, hoje, surjam muitos profissionais ou amadores que se dedicam à transformação/reciclagem de motos com alguns anos, para dar origem a evocativas realizações que frequentemente são muito apelativas.
Paralelamente surgiram produtos na indústria dos acessórios, pneus, retovisores, faróis, etc..., para fazer face a esta procura.
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