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A minha saída da equipa JJ

Texto: Domingo Gil

Fotos: FB



Jacinto Moriana, o patrão da equipa JJ, teve a grande virtude de tratar todos os seus pilotos com excessiva generosidade, com muita humanidade e com muito respeito.


Fazia-nos sentir muito confortáveis na sua equipa graças à sua paixão, à sua força e ao seu carinho.


Para entender minha saída da equipe JJ em todo o seu contexto, começarei pelo início.


Como já anteriormente disse, a minha entrada na equipe JJ foi consequência da vitória no I Criterium Solo Moto AGV em 1978.



O projecto que o Jacinto elaborou, unindo a JJ e a RECMO para para possibilitar o desenvolvimento da SIROKO de Antonio Cobas, pareceu-me muito emocionante e acima de tudo muito expectante.


Havia equipa e havia vontade: havia futuro!!


Visto na perspectiva do tempo, pode-se deduzir que justamente naquela época se abria uma nova era no motociclismo neste país.


Este conjunto de circunstâncias, principalmente, para um Junior como eu, levou-me a sonhar em conseguir alcançar algo grande.



Mas..., sem qualquer tipo de ressentimento, o que nunca imaginei, depois de vencer o Criterium da forma que ganhei, foi o quão difícil seria para um “rapaz de cidade pequena” e sem meios, abrir caminho naquele mundo...


Os três anos que estive naquela equipe foram realmente muito intensos.


Muitas coisas aconteceram para serem facilmente esquecidas.


Nesse espaço e tempo coexistimos Jacinto Moriana, Antonio Cobas, Paco Asensi, SIROKO...Angel Carmona, Gines Guirado, Javier Ortiz, Luis Alberó, Carlos Cardús, José Maria Mallol, Pedro Xammar...e tantos outros personagens que colaboraram e que estavam relacionados com aquela grande equipa.



Trabalho interminável e muitas noites sem dormir para chegar bem a tempo de uma corrida, em alguns casos, para fazer treinos.


Inicialmente o SIROKO sofria com as falhas típicas da juventude e juntamente com o motor, um YAMAHA TZ, mostrou que não era uma opção suficientemente competitiva para lutar contra as DERBI oficiais em termos de motor e com as YAMAHA TZ standard em termos de fiabilidade.


Depois de nas épocas 1979/1980 em que alcançamos resultados diversos, a grande mudança foi em 1981 com a chegada dos motores ROTAX.


A fiabilidade do SIROKO melhorou e aquele motor ROTAX revelou-se um “canhão”, como mais tarde foi demonstrado quando dominou o Campeonato do Mundo de 250cc com a APRILIA.


1983, Superprestigio SOLO MOTO, corrida 250cc


Em 1981, embora o meu motor ROTAX tenha chegado um pouco mais tarde do que o esperado em relação ao do meu companheiro... poderia ter sido uma ótima temporada, mas não foi, basicamente interrompida por um inútil serviço militar obrigatório que me afastou da competição...


A minha situação na JJ no final de 1981 não parecia ter evoluído muito, o contrato com a Perfumes Parera (BRANDO) com a JJ, principal patrocinadora na época, foi rescindido.

Eu era o único piloto na folha de pagamentos da JJ e a figura de Carlos Cardús e da sua comitiva tornou-se cada vez mais poderosa.

JJ, por seu critério, teve a necessidade de reduzir custos e concentrar esforços num único piloto.


Foi difícil para Jacinto Moriana tomar essa decisão... e ele não teve tempo de me contar.

Felizmente, a equipa de LeMans com Gabriel Martinez e a família Murcia no comando deu-me uma grande oportunidade de me juntar à sua equipa.

E Jacinto Moriana respirou...

A anedota desta trilogia da minha saída de JJ, vem do facto de no meu primeiro ano em LeMans e na última corrida do CEV em Esplugues de Llobregat, ter conseguido o vice-campeonato em Espanha, com Carlos Cardús campeão antes dessa nomeação.


E na meta dessa prova, Jacinto Moriana foi o primeiro que veio ao meu encontro para me dar um grande abraço.

Jacinto ficou feliz por ter um piloto campeão e também um ex-vice-campeão...!!

Jacinto... nunca vou esquecer esse momento!


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