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CRÒNICA DOS BONS MALANDROS - As insólitas aventuras de José Pereira no motocross

Atualizado: 11 de jul. de 2022


José Pereira a voar!



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José Fonseca Pereira (24.05.1961), conhecido no meio do motociclismo como José Pereira, notabilizou-se nas décadas de 80 e 90 como piloto de velocidade, no entanto a sua carreira de piloto teve raízes no motocross no ano de 1974!


Até 1977, participou regularmente em provas desta modalidade na classe 50cc, interessa dizer que numa fase embrionária no nosso país, as provas em causa (“piratas” ou extra-campeonato) se disputavam, normalmente, em 3 sub-classes 50cc: 3, 4 e 5 velocidades!


Assim, em 1974, José Pereira e o seu pai, o icónico Sr. Veríssimo Pereira, deslocaram-se a Lourosa para assistir a uma corrida, o pai conduzia um ciclomotor próprio, enquanto ele se fazia transportar numa EFS (4 velocidades) que um cliente, da oficina que o Sr. Veríssimo geria, lhe emprestou.


Durante os treinos, o Sr. Veríssimo ficou surpreendido quando o chamaram à atenção pelo facto do Zé estar em pista montado no veículo em que se fez transportar desde casa (completamente de estrada, pneus inclusive).


Independentemente do gosto que pai e filho nutriam pela modalidade (embora até esse dia o Zé nunca tivesse dado um salto...) e de haver amigos a assistir que entendiam que deveria correr, os 50$00 de inscrição eram um óbice extra a que os humildes recursos familiares não podiam fazer face!


O delegado da prova, o saudoso Nani, apercebendo-se da dificuldade, deu uma borla na taxa de inscrição e, assim, permitiu ao Zé participar.


Não existe memória ou registo da classificação desta corrida, relevante é o facto de ter marcado o inicio de uma muito bem sucedida carreira desportiva!


A sua segunda participação foi numa prova em Valongo, onde conquistou a 3ª posição aos comandos de uma CASAL 50cc 5 velocidades.


Inicialmente competia com motos de estrada que como preparação tinham, basicamente, um guiador de cross!


Posteriormente, foi integrado na equipa que era propriedade do Serafim Neves, nessa formação tinha um companheiro de equipa, o Bernardino Silva, e as motos utilizadas, PUCH, eram mais consonantes com a prática da modalidade.


Assim, conseguiu durante este período, alguns resultados de relevo, essencialmente em provas disputadas no grande Porto, maioritariamente extra-campeonato ou “piratas”, apesar de ser possuidor de licença FPM desde 1974.


A carreira do Zé no motocross durou até 1977, quando começou a correr em velocidade apoiado por Damião Torres.


Mais acção com José Pereira, à direita na foto da esquerda e à esquerda na foto da direita


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"O insólito aconteceu no Estádio do Mar, Bernardino Silva, no hospital, termina em 4º lugar!"


O título acima, foi publicado num periódico (julgo que na revista AUTOMUNDO).


Na dita reportagem, o jornalista narrou o insólito episódio que aconteceu durante uma prova de motocross, organizada pelo Silva Pinto, disputada no Estádio do Mar (Leixões).


Durante a corrida, Bernardino Silva, o colega de equipa do Zé, sofreu uma queda e foi transportado ao hospital, misteriosamente, segundo o volta-a-volta manual (ainda muito longe da precisão que os transponders hoje proporcionam), acabou na 4ª posição!!!...


De facto, o que se passou:


  • no inicio da corrida, José Pereira teve um toque com o Abílio Fernando, daí resultou, para o Zé, a desistência porque moto ficou em mau estado, o piloto, apesar de ter batido numa árvore e, segundo o próprio, ter visto estrelas (como nos desenhos animados!), misturou-se com o público para assistir à competição;

  • numa das voltas seguintes, Bernardino Silva sofreu uma queda, no mesmo local, tendo sofrido ferimentos que o levaram ao hospital. A sua moto, no entanto, ficou em condições de utilização;

  • aquando da queda de Bernardino, o Zé, naturalmente acorreu a socorrê-lo e, uma vez que este foi para o hospital, não resistiu ao impulso próprio de um jovem adolescente cheio de garra e pegou na moto do colega de equipa e terminou a corrida, na quarta posição!!! Os responsáveis pelo volta-a-volta identificavam o número da moto (o Zé entretanto deitou o fora o dorsal que tinha o seu número) e o resultado foi: insólito!


Curiosamente, o Zé voltaria a protagonizar um episódio muito semelhante, mas do qual não existe registo jornalístico, numa prova que decorreu na Pasteleira (Porto), onde assistia como espectador, tendo terminado a corrida de outro piloto acidentado/hospitalizado com o requinte de o fazer equipado com a roupa que trazia no corpo e com o capacete do próprio acidentado!!!


Não há memória da classificação final, sabe-se apenas que no fim da prova o Zé desapareceu!!!


Estes episódios são demonstrativos da garra e vontade que o, na altura, jovem adolescente José Pereira possuía, mas também do amadorismo, nessa época, reinante que permitia que estas histórias épico-hilariantes acontecessem.


Mais uma grelha de partida de uma corrida e, à direita, Joaquim Lourenço Ferreira (o "Lourenço") figura conhecida do meio e pai de José Ferreira que mais tarde teria relevo no panorama da velocidade nacional


Não existindo fotos detalhadas da PUCH que José Pereira utilizou, publico esta de uma PUCH Cobra 75cc de Motocross que seria idêntica, sendo a principal diferença a cilindrada.


Fontes: Fotos gentilmente cedidas pelo José Pereira

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